A última taça de vinho da noite. A última unha intacta. E de intacto só restava isso. O coração estava em pedaços. As mãos ansiosas queriam destruir tudo o que estava ao alcance. O coração estava dilacerado.
Nao entendia porque ele a abandonou, porque foi embora. Quando chegou em casa a garrafa estava aberta sobre a mesa. A garrafa do vinho precioso que compraram juntos num leilão. Eram duas: uma bebida no casamento, e esta, sobre a mesa, que deveria ser aberta nas Bodas de Prata.
Mas ele a abriu. Ele a deixou.
Ela entendia que ele de fato tinha ido embora não pela ausência de suas roupas no armário, livros e cds na estante, mas pela garrafa de vinho violada. Ele bebeu uma taça apenas, pela quantidade que faltava.
Agora ela bebia a última taca que restava.
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