Páginas

sábado, 10 de janeiro de 2015

Desconstruindo a minha noção de beleza.

Como a maioria das mulheres que eu conheço, sempre fui insegura quanto à minha imagem e beleza. Desde que eu me lembro, nunca me achei bonita, e ao entrar na adolescência, nunca me achei atraente.

De uns tempos para cá, várias campanhas em favor da beleza feminina, e ainda mais do que isto, da auto-aceitação feminina têm sido veiculadas e quando eu as vejo, sempre me pego refletindo sobre nossa forma de nos enxergar. Mas então outras preocupações e pensamentos aparecem, e aquilo que deveria ser um exercício diário de aceitação e valorização se tornam apenas momentos pontuais de reflexão.

Dias destes vi o programa Além da conta, no GNT, em que a convidada era a Tatá Werneck, e ela e a Ingrid Guimarães discutiam sobre as mulheres não saberem aceitar elogios. Nós estamos o tempo minimizando a nossa beleza, desconstruindo qualquer coisa que outra pessoa elogie em nós. Mas nós, mulheres, conseguimos ver a beleza nas outras mulheres. E o motivo para não aceitarmos nossa beleza, nossos corpos, é que desde pequenas somos bombardeadas por padrões inatingíveis. As Barbies estão aí para nos moldar desde pequenas: "seja magra, alta, loira e com a pela perfeita". Mas mais violentas e efetivas que as imagens de nossas bonecas ou das atrizes que vemos na tv, são as palavras das mulheres que nos cercam e nos são caras.

Certa vez li um texto falando para as mães nunca se diminuírem em frente às suas filhas, pois elas são o primeiro modelo que estas meninas terão na vida. Mas algo ainda mais maléfico para a auto-estima de uma menina são as críticas que ouvem de suas próprias mães. E eu me vi pensando sobre isto dias desses.

Durante toda minha infância e adolescência, ouvi minha mãe falar que eu tinha pés feios, e em determinado momento, eu aceitei como verdade que eu tinha pés feios. E durante muitos anos, não usei sapatos abertos em público por odiar meus pés. E no dia em que pensei nas críticas de minha mãe, eu o fiz porque de repente eu percebi que meus pés não são feios. Foram anos para que isto acontecesse, e de fato só aconteceu porque o Jonatha, meu marido, vive a elogiar meus pés. E de tanto ouvir os elogios dele, eu consegui desconstruir esta imagem que tinha de mim mesma.

Eu poderia dar outros exemplos, mas existe em mim muita coisa que eu ainda tenho que aceitar. Mas o que fica para mim e o que quero passar aqui é que as palavras têm poder. Caso você já tenha criticado outra mulher - seja ela sua irmã, amiga, filha, avó - só por criticar, reveja seu jeito. O mundo inteiro está aí para isto, portanto seja a voz positiva que ensina esta menina ou mulher a se amar, ao invés de fazê-la se odiar, pois é isto que o resto do mundo faz. E você pode pensar que eu culpo minha mãe pelos meus complexos, mas a verdade é que jamais a culparia. Ela é só outra vítima da nossa sociedade, que vive a diminuir a importância das mulheres, colocando-as como antes uma imagem do que um ser social, e esta imagem deve ser perfeita. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário